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sexta-feira, 26 de abril de 2013

Expansão marítima

   EXPANSÃO MARÍTIMA





A expansão marítimo-comercial compreende o período das grandes viagens empreendidas pelos países europeus nos séculos XV e XVI em busca de riquezas além-mar. Inseridas no contexto do desenvolvimento do mercantilismo, elas resultaram numa importante revolução comercial e na formação de vastos impérios coloniais.
Alguns motivos para as navegações


Era necessário quebrar o monopólio árabe-italiano no comércio de especiarias(cravo, canela, pimenta, noz-moscada, gengibre) e de artigos de luxo ( porcelana, tecidos de seda, marfim, perfumes). Até então, os mercadores de cidades como Gênova e Veneza controlavam a entrada de todos os produtos vindos do Oriente ( Ásia e África). Era preciso encontrar outras rotas que evitasse o mar Mediterrâneo.


  • A grande crise dos séculos XIV e XV: A Guerra dos Cem Anos entre França e Inglaterra marcou toda a Europa, comprometendo as rotas comerciais terrestres que cruzavam a França. E, por sua vez a peste negra trouxe uma forte retração nas atividades comerciais, uma vez que dizimou a população. E, também para completar veio uma grande fome sob a população, devido a falta de alimentos. Era necessário conquistar novos mercados, fora da Europa, que fornecessem alimentos e também matéria-prima para incrementar as atividades econômicas.


  • Novos mercados para o artesanato e as manufaturas urbanas precisavam ganhar novos consumidores. Do contrário, permaneceriam estagnados, atendendo apenas às modestas necessidades de consumo das populações locais.
  • A Europa vivia um momento de esgotamento das minas de metais preciosos, o que bloqueava o comércio e provocava uma verdadeira sede de ouro. Era necessário descobrir jazidas de metais preciosos em outras regiões do mundo.
  • Foram os Estados nacionasi, já fortalecidos que impulsionaram a expansão marítima. O rei estaria assim, aumentando seus poderes, a nobreza manteria seus privilégios e a burguesia, aumentaria seus lucros.
  • Propagação da fé cristã.
  • Evolução tecnológica apropriada: navios, mapas, instrumentos de navegação ( bússola, do astrolábio e do quadrante, a caravela), a aceitação do conceito de que a Terra é redonda, etc.

A navegação marítima



No século XV, como não se conhecia o tamanho e a forma exata do planeta, quase todos tinham medo das longas viagens marítimas, principalmente pelo oceano Atlântico, conhecido como "Mar Tenebroso". Além disso, fantasias e lendas criavam um clima de insegurança entre os marinheiros.

Entretanto, a possibilidade de enriquecimento e de viver em melhores condições fazia com que muitos participassem das grandes viagens, mesmo temendo o mar. O tempo e a experiência marítima foram mostrando que muitos medos era justificados (tempestades ou naufrágios) e outros eram imaginários ( monstros marinhos e abismos, por exemplo).

A vida dos marinheiros nos navios não era fácil. Os alojamentos da tripulação eram imundos, rústicos e apertados, e as viagens, longas e desconfortáveis. Muitos morriam de escorbuto, devido à escassez de legumes e verduras (fontes de vitaminas C) na alimentação.

Contudo, diversas inovações técnicas colaboraram para o desenvolvimento da navegação marítima de longa distância, como a caravela, a cartografia e a bússola. A caravela foi a principal embarcação marítima utilizada pelos portugueses, era um navio de estrutura leve movido pelo vento; sua principal característica era a vela de formato triangular (latina), que podia ser ajustada em várias direções para captar a força do vento. Assim, qualquer que fosse o sentido do vento, a caravela podia navegar na direção desejada pelo piloto. Com as viagens marítimas, a cartografia(elaboração de mapas) teve significativo desenvolvimento. A partir do século XV, surgiram mapas com os primeiros registros das terras descobertas na África e na América. Esses mapas eram considerados verdadeiros segredos de Estadi, mas as informações circulavam quando o navegador de um país passava a servir a outro.

Outro instrumento de orientação espacial introduzido na navegação européia desse período foi a bússola, cuja invençaõ é atribuída aos antigos chineses. Foram, porém, os árabes que a levaram para a Europa, onde começou a ser utilizada pelos navegadores.

Trecho do livros História Global de Gilberto Cotrim

Expansão portuguesa

Com a unificação como monarquia nacional desde 1385, quando João I venceu a disputa com o reino de Catela e assumiu o trono do país na Revolução de Avis, Portugal foi a primeira nação européia a lançar-se ao oceano Atlântico. Além do governo forte, outros fatores que explicam a primazia portuguesa são a posição geográfica favorável, a situação de paz interna (ao contrário da França e da Inglaterra, envolvidas na Guerra dos Cem Anos), a determinação de disseminar a fé cristã e a avançada tecnologia náutica, cujos estudos - que resultaram na invenção da caravela- se concentravam na célebre Escola de Sagres.

Principais fases da expansão portuguesa

  1. A conquista de Ceuta

Dominada por árabes, Ceuta era um rico centro de negócios e militar situado no norte da África, onde se vendiam e compravam sedas, marfim, cera, mel, ouro e escravos. Entretanto, a conquista portuguesa deu-se de forma tão violenta e destrutiva que os comerciantes árabes afastaram-se da cidade. Depois de saqueada pelos portugueses, Ceuta perdeu seu brilho como centro comercial.

  1. A chegada de Vasco da Gama às Índias

O sonho dos portugueses era: chegar às Índias contornando a costa do continente africano (périplo africano). Para isso, os portugueses foram, pouco a pouco, avançando pela costa africana e estabelecendo feitorias (postos comerciais, onde obtinham ouro, sal, marfim, pimenta e escravos) pelo litoral. Finalmente, em 1498, Vasco da Gama chegou às Índias (Calicute), realizan0do o sonho dos portugueses. 

Ampliam-se os horizontes para Portugal

  1. 1415 : Conquista de Ceuta.
  2. 1434 : Gil Eanes ultrapassa o cabo Bojador, considerado um temido obstáculo pelos portugueses.
  3. Em 1460, Portugal já havia chegado até a região da atual Serra Leoa. E para ajudar o católico país de Potugal, o papa Eugênio IV, garantiu-lhe através de uma bula o monopólio comercial no continente africano e o direito de "capturar e subjugar os sarracenos(muçulmanos) e pagãos (africanos) e qualquer outro incrédulo ou inimigo de Cristo, como também seus reinos,ducados, principados e outras propriedades, assim como reduzir essas pessoas à escravidão perpétua.
  4. Em 1488 Bartolomeu Dias dobrou a extremidade sul do continente africano, chamando o acidente geográfico ali encontrado de cabo das Tormentas, mudando esse nome para cabo da Boa Esperança.
  5. Em 1498 Vasco da Gamoa chega a Calicute, na Índia atual. Era a prova definitiva de que se podia chegar ao Oriente sem passar pelo Mediterrâneo.
  6. Em 1500 Pedro Álvares Cabral afastando-se da costa africana alcançou terras a oeste do Atlântico Sul. As razões desse afastamento - se propositado ou acidental - são discutidas até hoje entre alguns historiadores. Cabral avista um monte que recebeu o nome de monte Pascoal (por ser a semana da Páscoa); aterra foi batizada com o nome de Vera Cruz, posteriormente alterado para Terra de Santa Cruz. O nome atual, Brasil, só passou a ser adotado apartir de 1503, devido à grande quantidade da árvore chamada pau-brasil encontrada no litoral. Após isso, Cabral segue viagem em direção à Índia, a fim de estabelecer tratados de comércio com os povos do Oriente

Pero Vaz de Caminha, escrivão de Cabral descreve o Brasil ao rei de Portugal:

Esta terra, Senhor, é muito chá e muito formosa. Nela até agora não podemos saber se haja ouro, nem prata, nem nenhuma coisa de matal..., porém a terra em si é de muioto bons ares: as águas são muitas, infindas; em tal maneira é graciosa, que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela de tudo, porém o melhor fruto, que nela se pode fazer, me parece que será salvar esta gente... 

  1. Em 1501 o florentino Américo Vespúcio, a serviço do rei de Potugal, mapeou essas terras, chegando à conclusão de que não faziam parte das Índias, mas sim de um novo continente que, em sua homenagem, passou a ser chamado de Ámérica.





Entretanto, o enriquecimento do reino português era apenas aparente. Além de contar com o escassos recursos humanos e materiais, seus empreendimentos marítimos não condiziam com a dependência em relação a outros centros, especialmente as companhias comerciais holandesas e italianas. Interesses mercantis submetidos aos da coroa e nobreza a ela associada sugavam recursos e se tornariam mais um entrave ao desenvolvimento comercial. Assim, o capital gerado no processo acabou sendo transferido para outros centros europeus, seja pela dependência de financiamentos externos, seja pelos gastos da coroa e da nobreza, o que impediu um processo e acumulação de capitais para investimentos dentro do próprio reino.

Expansão Espanhola


Ocupados com a unificação dos reinos locais de Aragão e Castela, que ocorreu em 1469, e com a expulsão dos árabes, na Guerra da Reconquista, que só se concluiria em 1492, os espanhois começaram sua expansão marítima um pouco mais tarde. Em 1492, os reis Fernando de Aragão e Isabel de Castela aprovaram o audacioso plano de Cristóvão Colombo de chegar ao Oriente indo rumo ao Ocidente. No meio do caminho, no entanto, o navegador deparou com a ilha de Guanaani, atualmente San Salvador, parte das Bahamas. O episódio ficaria conhecido como o descobrimento da América. Porém, até então, pensava-se que as terras faziam parte da Ásia. Sendo assim, Portugal reivindicou direitos sobre as áreas descobertas, e, em 1493, as duas potências assinaram , sob a intermediação do papa Alexandre VI, a Bula Intercoetera, por essa os espanhois tinham assegurado a posse das terras americadnas descobertas ou a descobrir. Restava a Portugal a posse das terras africanas. Substituída no ano seguinte pelo Tratado de Tordesilhas, dividindo entre si as terras já conhecidas e as que ainda seriam descobertas por meio de uma linha imaginária localizada a 370 léguas do arquipélago de Cabo Verde. As terras situadas a oeste do meridiano de Tordesilhas pertenceriam à Espanha, enquanto as terras a leste seriam portuguesas. O "mundo descoberto" foi, assim, dividido entre portugueses e espanhóis. Entretanto, outros reis como o da França e o da Inglaterra, não concordavam com essa divisão.



Outros navegadores espanhóis


  1. 1499: Alonso Ojeda chega à Venezuela.

  2. 1500: Vicente Pinzón chega ao Brasil, no Amazonas

  3. 1511: Diogo Velasquez conquista Cuba.

  4. 1512: Ponce de León conquista a Flórida.

  5. 1513: Vasco Nunez Balboa alcança o oceano Pacífico.

  6. 1516: Dias Sólis chega ao rio da Prata.

  7. 1519: Fernão de Magalhâes e Sebastião del Cano partem para a primeira viagem de circunavegação( volta completa ao mundo). Magalhâes morre durante a viagem e Sebastiâo completa viagem em 1521.

  8. 1519: Fernão Cortez inicia a conquista do México.

  9. 1531: Francisco Pizarro inicia a conquista do Peru.

  10. 1537João Ayola chega ao Paraguai.

  11. 1541: Francisco Orellana explora o rio Amazonas.

Navegações Francesas, Inglesas e Holandesas.

Igualmente interessados em um novo caminho para o Oriente, e , não aceitando o Tratado de Tordesilhas, que dividia o mundo de então, entre Portugal e Espanha, franceses e ingleses lançaram-se às explorações marítimas, concentrando-se no Atlântico Norte, pois espanhois e portugueses já se dedicavam às rotas do Atlântico Sul. Com isso, supunham que poderiam encontrar uma "passagem noroeste" para a Ásia. A sonhada passagem noroeste não foi encontrada, mas possibilitou que França e Inglaterra ocupassem a parte norte da América, além de praticar a pirataria. Na Inglaterra, a pirataria foi oficializada. A monarquia inglesa autorizava ataques e pilhagens contra navios de nações inimigas, desde que os piratas (chamados de corsários ) dividissem os lucros dos saques com o governo inglês. 

  • França: 1524: Giovano Verrazano explorou vasta região do litoral leste da América do Norte. 1534: Jacques Cartier explorou a região do atual Canadá navegando pelo rio São Lourenço.
  • Inglaterra: 1497: Giovanni Caboto atingiu a América do Norte (atual Canadá). 1577: Francis Drake, pirata inglês, empreendeu a segunda viagem de circunavegação, assaltando navios espanhóis.
  • Holanda: 1609: Henry Hudson, descobriu na área que hoje corresponde aos EUA o rio que atualmente leva o seu nome (rio Hudson). 1624: A Companhia das Índias Ocidentais, invade a Bahia, no Brasil. 1630: Forçados a se retirar da Bahia, os holandeses atacaram Pernambuco e conquistaram a região açucareira. Permaneceram no Brasil até 1654.

Consequências das navegações

Além de resultar na formação de enormes impérios coloniais, principalmente na América, a descoberta de novas terras e rotas comerciais provocou alterações profundas na sociedade européia. O Velho Mundo se tornou o centro e o principal beneficiado de um comércio mundial que interligava quatro continentes. Por causa disso, a diversificação dos produtos e o aumento dos valores negociados proporcionaram um enriquecimento maciço das burguesias. Essas mudanças, ficaram conhecidas como Revolução Comercial. Podemos definir a Revolução Comercial como o conjunto de mudanças que se operaram na economia mundial entre os séculos XV e XVII,consolidando de forma definitiva os alicerces do mundo capitalista. O mar Mediterrâneo, que constituía o principal eixo econômico europeu, acabou sendo suplantado pelo oceano Atlântico. O desenvolvimento da navegação através desse oceano possibilitou o acesso a vastíssimas regiões do globo até então desconhecidas dos europeus, tornando o comércio uma atividade de escala mundial.

A exploração das terras americanas, africanas e asiáticas significou, assim, não só a ampliação das opções de comércio, mas também a maior diversificação dos produtos comercializados e a expansão dos mercados consumidores e abastecedores. Além disso, a descoberta das jazidas minerais americanas assegurou o afluxo de grandes quantidades de metais preciosos, solucionando o problema da carência monetária européia. Assim, a expansão marítima, e o comércio europeu, estabeleceriam as condições financeiras necessárias para a burguesia européia produzir, por meio da acumulação primitiva de capitais, verificada durante o período da Revolução Comercial, uma transformação ainda maior: a Revolução Industrial.

O poeta Fernando Pessoa ao escrever sobre as navegações, está também, refletindo temas atuais e universais que preocupam os homens hoje.

Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa: "navegar é preciso; viver não é preciso".

Quero para mim o espírito desta frase, transformada a forma para a casar com o que eu sou: Viver não é necessário; o que é necessário é criar. Não canto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torna-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a mina alma a lenha desse fogo. Só quero torná-la de toda a humanidade, ainda que para isso tenha de a perder como minha (...).

Mar português

Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal!

Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram!

Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena.

Quem quer passar além do Bojador tem que passar além da dor.

Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele espelhou o céu.

Personagem:Zheng He (1371-1435) enquanto os portugueses se preparavam para iniciar suas viagens ultramarinas em direção ás Índias um navegante chinês, já dominava o oceano Índico. Eunuco oriundo de família muçulmana a serviço do imperador chinês. Entre 1405 e 1433, ele realizou sete expedições pelo oceano Índico, chegando à Índia, ao golfo Pérsico, à África oriental e ao sudeste da Ásia. Uma dessas expediçoes contou com uma frota de 62 embarcações e cerca de 30 mil marinheiros. Nessas viagens, os chineses entraram em contato com cerca de quarenta reinos, estabelecendo relações comerciais e diplomáticas com eles. Zheng He navegava com o auxílio de uma bússola, instrumento inventado pelos chineses quase 2 mil anos antes.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Indigenas de Minas e do Brasil


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 India Pataxó

A maior concentração é dos Xacriabá, com pouco mais de 6.000 índios, que vivem em São João das Missões, numa reserva de 46 mil hectares (ha). Um pequeno grupo dos Pankararu vive em Coronel Murta, Vale do Jequitinhonha, numa reserva de 62 ha. Pouco mais de 200 índios Pataxó vivem em 3.200 ha, em Carmésia, no Vale do Aço e um grupo aproximado de 150 Krenak disputam com posseiros a posse de 4.000 ha de sua reserva, que tem 3.871 ha invadidos. Os Maxacali, estimados em 811 índios, também disputam a posse e a preservação de suas terras no Vale do Mucuri.


Indios Carijós


 
Os Carijós, ou índios escravos, como eram chamados pelos colonizadores, foram pouco a pouco perdendo seu espaço. Com o tempo desapareceram os Puris do Sul de Minas, os Caiapós e os Bororós do oeste e muitos outros.População quase em extinção, os índios do Estado estão reduzidos a cinco grupos: Xacriabá, Krenak, Maxacali, Pataxó e Pankararu. Esses grupos, que ainda sobrevivem em algumas reservas, continuam a praticar seus cultos e atividades primitivas, ainda preservam usos e costumes, mas são pobres e doentes, habitam choças, sofrem muita pressão de fazendeiros e recebem pouca assistência dos governos e da sociedade.

domingo, 24 de março de 2013

Estados Nacionais Modernos




As monarquias nacionais centralizaram o poder político na figura de um rei.


No decorrer da Idade Média, a figura política do rei era bem distante daquela que usualmente costumamos imaginar. O poder local dos senhores feudais não se submetia a um conjunto de leis impostas pela autoridade real. Quando muito, um rei poderia ter influência política sobre os nobres que recebiam parte das terras de suas propriedades. No entanto, o reaquecimento das atividades comerciais, na Baixa idade Média, transformou a importância política dos reis.

A autoridade monárquica se estendeu por todo um território definido por limites, traços culturais e linguísticos que perfilavam a formação de um Estado Nacional. Para tanto, foi preciso superar os obstáculos impostos pelo particularismo e universalismo político que marcaram toda a Idade Média. O universalismo manifestava-se na ampla autoridade da Igreja, constituindo a posse sobre grandes extensões de terra e a imposição de leis e tributos próprios. Já o particularismo desenvolveu-se nos costumes políticos locais enraizados nos feudos e nas cidades comerciais.

Os comerciantes burgueses surgiram enquanto classe social interessada na formação de um regime político centralizado. As leis de caráter local, instituídas em cada um dos feudos, encareciam as atividades comerciais por meio da cobrança de impostos e pedágios que inflacionavam os custos de uma viagem comercial. Além disso, a falta de uma moeda padrão instituía uma enorme dificuldade no cálculo dos lucros e na cotação dos preços das mercadorias.

Além disso, a crise das relações servis causou um outro tipo de situação favorável à formação de um governo centralizado. Ameaçados por constantes revoltas – principalmente na Baixa Idade Média – e a queda da produção agrícola, os senhores feudais recorriam à autoridade real com o intuito de formar exércitos suficientemente preparados para conter as revoltas camponesas. Dessa maneira, a partir do século XI, observamos uma gradual elevação das atribuições políticas do rei.

Para convergir maiores poderes em mãos, o Estado monárquico buscou o controle sobre questões de ordem fiscal, jurídica e militar. Em outros termos, o rei deveria ter autoridade e legitimidade suficientes para criar leis, formar exércitos e decretar impostos. Com esses três mecanismos de ação, as monarquias foram se estabelecendo por meio de ações conjuntas que tinham o apoio tanto da burguesia comerciante, quanto da nobreza feudal.

Com o apoio dos comerciantes, os reis criaram exércitos mercenários que tinham caráter essencialmente temporário. Ao longo dos anos, a ajuda financeira dos comerciantes tratou de formar as milícias urbanas e as primeiras infantarias. Tal medida enfraqueceu a atuação dos cavaleiros que limitavam sua ação militar aos interesses de seu suserano. A formação de exércitos foi um passo importante para que os limites territoriais fossem fixados e para que fosse possível a imposição de uma autoridade de ordem nacional.

A partir de então, o rei acumulava poderes para instituir tributos que sustentariam o Estado e, ao mesmo tempo, regulamentaria os impostos a serem cobrados em seu território. Concomitantemente, as moedas ganhariam um padrão de valor, peso e medida capaz de calcular antecipadamente os ganhos obtidos com o comércio e a cobrança de impostos. A fixação de tais mudanças personalizou a supremacia política dos Estados europeus na figura individual de um rei.

Além de contar com o patrocínio da classe burguesa, a formação das monarquias absolutistas também contou com apoio de ordem intelectual e filosófica. Os pensadores políticos da renascença criaram importantes obras que refletiam sobre o papel a ser desempenhado pelo rei. No campo religioso, a aprovação das autoridades religiosas se mostrava importante para que os antigos servos agora se transformassem em súditos à autoridade de um rei.
Por Rainer Sousa
Graduado em História

Guerra dos Cem Anos



Guerra dos Cem Anos: uma disputa entre ingleses e franceses por territórios e poder econômico.


Guerra dos Cem Anos: uma disputa entre ingleses e franceses por territórios e poder econômico.

Do ponto de vista histórico, podemos ver que a Guerra dos Cem Anos foi um evento que marcou o processo de formação das monarquias nacionais inglesa e francesa. Não por acaso, vemos que esse conflito girou em torno dos territórios e impostos que eram tão necessários ao fortalecimento de qualquer monarquia daquela época. Sendo assim, vemos que tal evento manifesta significativamente a centralização política que se desenvolveu nos fins da Idade Média.

Iniciada em 1337, a Guerra dos Cem Anos foi deflagrada quando o trono francês esteve carente de um herdeiro direto. Aproveitando da situação, o rei britânico Eduardo III, neto do monarca francês Felipe, O Belo (1285 – 1314), reivindicou o direito de unificar as coroas inglesa e francesa. Dessa forma, a Inglaterra incrementaria seus domínios e colocaria um conjunto de prósperas cidades comerciais sob o seu domínio político, principalmente da região de Flandres.

Nessa época, os comerciantes de Flandres apoiaram a ação britânica por terem laços comerciais francamente estabelecidos com a Inglaterra. Por conta desse apoio, os ingleses venceram as primeiras batalhas e conseguiram o controle de alguns territórios do Norte da França. Até aquele instante, observando a superioridade numérica e bélica dos ingleses, era possível apostar na queda da monarquia francesa. Contudo, a decorrência da Peste Negra impôs uma pausa aos dois lados da guerra.

As batalhas só foram retomadas em 1356, quando a Inglaterra conquistou novas regiões e contou com apoio de alguns nobres franceses. No ano de 1360, a França se viu obrigada a assinar o Tratado de Brétigny. Pelo documento, a Inglaterra oficializava o seu domínio sobre parte da França e recuperava alguns territórios inicialmente tomados pelos franceses.

A ruína causada pela guerra provocou grandes problemas aos camponeses franceses. A falta de recursos, os pesados tributos e as fracas colheitas motivaram as chamadas jacqueries. Nesse instante, apesar dos episódios de violência contra a nobreza, os exércitos da França reorganizaram suas forças militares. Realizando a utilização de exércitos mercenários, o rei Carlos V conseguiu reaver uma parcela dos territórios perdidos para a Inglaterra.

Nas últimas décadas do século XIV, os conflitos tiveram uma pausa em virtude de uma série de revoltas internas que tomaram conta da Inglaterra. Apesar da falta de guerra, uma paz definitiva não havia sido protocolada entre os ingleses e franceses. No ano de 1415, o rei britânico Henrique V retomou a guerra promovendo a recuperação da porção norte da França. Mais do que isso, através do Tratado de Troyes, ele garantiu para si o direito de suceder a linhagem da monarquia francesa.

Em 1422, a morte de Carlos VI da França e de Henrique V da Inglaterra fizeram com que o trono francês ficasse sob a regência da irmã de Carlos VI, então casada com o rei Henrique V da Inglaterra. Nesse meio tempo, os camponeses da França se mostraram extremamente insatisfeitos com a dominação estrangeira promovida pela Inglaterra. Foi nesse contexto de mobilização popular que a emblemática figura de Joana D’Arc apareceu.

Alegando ter sido designada por Deus para dar fim ao controle inglês, a camponesa Joana D'Arc mobilizou as tropas e populações locais. Aproveitando do momento, o rei Carlos VII mobilizou tropas e passou a engrossar e liderar os exércitos que mais uma vez se digladiaram contra a Inglaterra. Nesse instante, temendo o fortalecimento de uma liderança popular, os nobres franceses arquitetam a entrega de Joana D'Arc para os britânicos.

No ano de 1430, Joana D'Arc foi morta na fogueira sob a acusação de bruxaria. Mesmo com a entrega da heroína, os franceses conseguiram varrer a presença britânica na porção norte do país. Em 1453, um tratado de paz que encerrava a Guerra dos Cem Anos foi assinado.
Por um lado, a guerra foi importante para se firmar o ideal de nação entre os franceses. Por outro, abriu caminho para que novas disputas alterassem a situação da monarquia inglesa.

Por Rainer Sousa
Mestre em História



Oliver Crowmell


A chegada dos Stuart ao trono significou uma grande transformação no cenário político da Inglaterra. Abandonando as medidas liberais dos Tudor, o recém-entronizado rei Jaime I era favorável ao poder monárquico absoluto. Além disso, tinha apreço pelos praticantes do catolicismo, ao enxergar nesses uma classe religiosa favorável ao inquestionável poder real.

Pretendendo implantar tais orientações políticas, Jaime I defendia que a dominação britânica sob a Irlanda deveria ser feita sob moldes feudais. Além disso, buscou exercer o monopólio sob a produção têxtil inglesa. Com isso, visava enriquecer os cofres reais e configurar uma forte influência política independente da aprovação do Parlamento inglês. No campo religioso, enfatizou as diretrizes católicas do anglicanismo e privilegiou os súditos católicos.

Morrendo em 1625, Jaime I deixou o trono para seu filho Carlos I. Durante seu reinado, foi obrigado a convocar o Parlamento para a aprovação de gastos com conflitos e guerras. Hostilizado pela instituição, foi pressionado a assinar a Petição de Direitos. Nesse documento, o rei se comprometia a prestar contas ao Parlamento e colocar as questões financeiras e militares sob o domínio da instituição. Indiferente a tais exigências, o rei preferiu dissolver o Parlamento britânico.

Anos mais tarde, Carlos I resolveu restabelecer um antigo tributo: o Ship Money. Esse imposto, que antes era cobrado em algumas zonas portuárias, deveria ser cobrado em todo o território inglês. Tal lei desfavorecia a burguesia, que seria obrigada a limitar seus lucros frente ao tributo real. Forçado por uma guerra a convocar o Parlamento em 1640, o rei mais uma vez levou à tona o conflito existente entre a sua autoridade e o interesse parlamentar.

Nesse momento, o Parlamento radicalizou sua postura exigindo total controle sobre as questões religiosas e tributárias. Além disso, reivindicou a constante convocação das autoridades parlamentares. Em resposta, Carlos I ameaçou mais uma vez extinguir as autoridades parlamentares. Inconformada com a imposição monárquica, os líderes do Parlamento convocaram a formação de uma milícia armada que garantisse a existência do parlamento britânico. Era o início da Revolução Puritana.

Protegendo-se da reação popular, Carlos I dirigiu-se à cidade de Oxford com intuito de organizar um exército capaz de combater as tropas do parlamento. Dessa forma, estabeleceu-se uma guerra civil onde as tropas reais enfrentavam as frentes populares armadas pelo parlamento. Esses populares, de maioria puritana (calvinistas), formaram um grande exército que via na luta um meio de superar suas dificuldades econômicas. Nomeados como integrantes do Exército de Novo Tipo, esses populares começaram a se inserir no processo revolucionário inglês.

Liderados por Oliver Cromwell, os combatentes revolucionários dividiram-se em duas facções políticas: os diggers e os levellers. Os primeiros defendiam uma reforma agrária espontânea que garantisse o acesso dos camponeses à terra. Já o levellers buscavam a total igualdade jurídica entre os cidadãos e a liberdade de culto religioso. Dessa maneira, as camadas populares inglesas se fizeram presentes no debate político da época.

As vitórias dos exércitos de Cromwell nas batalhas de Marston Moor e Naseby figuraram um importante passo para a conquistas dos ideais democráticos defendidos pelos diggers e levellers. No momento em que os mais moderados arquitetavam a desmobilização do exército de Novo Tipo, as tropas foram convocadas a lutarem mais uma vez contra as tropas da realeza. Nesse confronto, o rei Carlos I foi capturado e decapitado, em janeiro de 1649.

Exercendo grande hegemonia política, os exércitos decretaram o fim da monarquia inglesa e a proclamação de um governo republicano. Nesse novo governo, os moderados foram excluídos do parlamento e Oliver Cromwell foi aclamado como presidente do novo Conselho de Estado ou Commonwealth. Acumulando poderes políticos em mãos, Cromwell não atendeu às exigências do exército que o colocou no poder. Dessa maneira, implementou uma ditadura que excluiu os populares das instituições políticas.

Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

Revolução Gloriosa






Após a deposição de Richard Cromwell, uma nova organização foi dada ao poder político britânico. Com o apoio de partidários da realeza e setores descontentes com a ditadura de Cromwell, um novo parlamento aprovou a chegada do rei Carlos II ao trono inglês. Tal período da Revolução Inglesa acabou conhecido como a fase da Restauração Monárquica.

Essa volta do antigo regime político, apoiado pela aristocracia e pela alta burguesia, visava à contenção de novos tumultos sociais que radicalizassem o processo revolucionário britânico. Inicialmente, o governo de Carlos II vislumbrou a expansão das atividades comerciais e industriais inglesas. No entanto, as velhas rixas entre o rei e o Parlamente continuavam a aparecer no cenário político inglês.

Tendo seus poderes limitados pela ação parlamentar, o rei Carlos II mantinha relações políticas com o rei francês Luis XIV, um dos mais poderosos reis absolutistas da Europa. Olhado com desconfiança pelo parlamento inglês, o rei Carlos II ainda decretou novos planos de ação econômica que ampliavam a burguesia britânica. Em 1673, o parlamento instituiu a Lei do Teste, que negava qualquer católico de assumir algum cargo no serviço público.

Em 1685, o rei Carlos II faleceu e seu irmão, Jaime II, chegou ao trono. Sendo fiel ao catolicismo, Jaime II tentou ampliar seus poderes e beneficiar a população católica da Inglaterra. No início de seu governo, ele tentou isentar os católicos das cobranças de impostos e colocar alguns de seus próximos em importantes cargos políticos. Dando aparência autoritária ao seu governo, Jaime II sofreu violenta oposição do parlamento.

Maria Stuart, filha de Jaime II, foi convocada a comparecer ao Parlamento. Nessa reunião, os parlamentares tramaram a ascensão de Guilherme de Orange, governador das Províncias Unidas (Holanda) e marido de Maria Stuart, para assumir o trono inglês. Acuado com o golpe do parlamento, o rei Jaime II buscou refúgio na França. Sem contar com nenhum tipo de violência, a nova mudança política ficou conhecida como Revolução Gloriosa.

Inaugurando um novo episódio na história política britânica, o Parlamento abriu espaço para a introdução de uma ordem liberal burguesa. Dotado de caráter liberal, o novo rei inglês chegou ao trono aceitando previamente reconhecer a Toleration Act (Ato de Tolerância) e a Bill of Rights (Declaração de Direitos). Ambos os documentos foram redigidos pelo parlamento inglês e foram de importância fundamental para o desenvolvimento do capitalismo na Inglaterra.

O primeiro estabelecia liberdade religiosa a todos os cidadãos cristãos, exceto os católicos. Já a Bill of Rights consistia em um conjunto de leis que previa uma série de mudanças de característica liberal. A partir de então, todos os cidadãos acusados de alguma infração teriam direito a um julgamento com a presença de um júri. Além disso, este documento previa o repúdio a punições violentas ou multas com valores abusivos.

A principal mudança imposta pela Bill of Rights tratava da relação entre o rei e o Parlamento. As eleições parlamentares deveriam acontecer regularmente. Além disso, nenhuma lei parlamentar poderia ser vetada pela autoridade real e, após a morte do rei, o Parlamento poderia indicar o sucessor do trono inglês. Os gastos da família real deveriam ser controlados pelo Parlamento e nenhum exército poderia ser mantido em tempos de paz.

Os altos funcionários do governo também deveriam ser fiscalizados pelos parlamentares. O Tesouro britânico era controlado pelo Parlamento e nenhum gasto deveria ser feito sem sua aprovação. Em 1694, o governo criou o Banco da Inglaterra, que consolidou o financiamento das atividades comerciais e industriais britânicas. Essas novas medidas encerravam o processo revolucionário inglês e firmavam o pioneirismo industrial britânico.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

Oliver Crowmell








No ano de 1649, a chegada de Cromwell ao poder, inicialmente representou a possibilidade de instalação de um governo popular na Inglaterra. No entanto, ao assumir o governo da Inglaterra, o líder do Conselho de Estado, ou Commonwealth, abandonou os populares que tinham lhe concedido tamanha ascensão política. A “república” de Cromwell teve, na prática, a feição de uma ditadura personalista.

Ao mesmo tempo em que combateu militarmente a reação dos monarquistas apoiados pela Coroa Escocesa, Cromwell também perseguiu e assassinou diversos líderes dos diggers e levellers. No campo econômico, esforçou-se em barrar a concorrência holandesa com a aprovação dos Atos de Navegação. Segundo essa lei, nenhuma embarcação estrangeira, exceto as provenientes do mesmo país de origem do produto, poderia atracar no litoral inglês. Com essa medida, o governo buscava recuperar a economia britânica através do benefício dos setores burgueses.

Em 1653, o Parlamento britânico fora completamente dissolvido; Oliver Cromwell alcançou a condição de Lorde Protetor da Inglaterra. Não tendo mais nenhum tipo de poder limitador, Cromwell transformou-se em um líder máximo. Gozando de direitos políticos ilimitados, cogitou-se a coroação dele enquanto rei da Inglaterra. Não querendo aparentar uma espécie de retorno ao Antigo Regime, Oliver Cromwell rejeitou tal proposta.

Centralizando os poderes, Cromwell conduziu um período mais estável no processo da revolução inglesa. Tendo poderes muito próximos aos de um monarca, Oliver Cromwell indicou seu filho para sucedê-lo no governo. Com sua morte, em 1658, o governo caiu nas mãos de Richard Cromwell. Sem amplo apoio político, Richard acabou deposto pelo “Parlamento Coto”, em 1659.
Por Rainer Sousa
Graduado em História

Revolução inglesa


O governo de Carlos I, o início das tensões que conduziram à Revolução Inglesa.



Ao vermos a grande reverência e prestígio que as autoridades monárquicas inglesas possuem, nem chegamos perto de imaginar que esse país foi palco de um conflito contra sua realeza. No entanto, no século XVII, a ilha britânica protagonizou um dos primeiros episódios que sinalizavam a crise do Antigo Regime. Foi durante a Revolução Inglesa que as instituições nobiliárquicas foram alvo de uma violenta disputa que marcou a história política da Inglaterra.
Durante os reinados da dinastia Tudor, a Inglaterra viveu um notório desenvolvimento de sua economia. Sob a tutela do rei Henrique VIII e, posteriormente, da rainha Elizabeth I, a burguesia britânica viveu anos de intensa ascensão econômica. A formação de monopólios comerciais e o desenvolvimento de lucrativas atividades fizeram com que a parte da burguesia britânica enriquecesse rapidamente.

No entanto, os pequenos comerciantes acabaram sendo prejudicados. As vantagens da política econômica britânica beneficiavam uma parcela limitada de uma burguesia bem relacionada com as autoridades reais da época. Além disso, parte das corporações de ofício inglesas detinha o monopólio sob a produção de certos produtos manufaturados que impediam a ampliação do campo de atividades econômicas explorados pela burguesia.

No campo, a velha economia agrícola voltada ao abastecimento sofria grandes transformações. As terras passaram por um grande processo de especulação econômica decorrente da demanda da burguesia por matérias-primas. Foi nesse período que se instituiu a política dos cercamentos. Tal medida visava ampliar a disponibilidade de matéria-prima por meio da apropriação das terras coletivas e devolutas. Com isso, vários camponeses e pequenos proprietários de terra sofreram uma terrível perda que empobreceu tais setores da sociedade britânica.

Nesse contexto contraditório, onde a Inglaterra enriquecia à custa da exclusão econômica de parte da população, é que temos preparado o contexto revolucionário inglês. Além dos problemas de caráter econômico, as contendas religiosas entre católicos e protestantes dividiam a sociedade britânica em mais uma delicada questão histórica.

As tensões sociais e a situação da monarquia britânica se agravaram quando, em 1603, a dinastia Stuart chegou ao trono inglês. Influenciados por uma forte tradição católica e interessada em fixar bases mais sólidas ao absolutismo britânico, os monarcas da família Stuart acabaram alimentando disputas de caráter econômico e religioso. Dessa forma, foi dado início às disputas entre o Parlamento, de visão liberal e composta por burgueses protestantes; e o reis da Dinastia Stuart, que eram católicos e procuravam ampliar sua autoridade política.

O autoritarismo real contribuiu para que diversos conflitos acabassem se desenvolvendo no interior da Inglaterra. Não conseguindo atingir a imposição de reformas que acabassem com os problemas religiosos e econômicos, o Parlamento buscou no apoio popular a instauração de uma guerra civil que marcou as primeiras etapas do processo revolucionário inglês.

                                           CARTA MAGNA
 No processo de constituição das monarquias nacionais europeias, a prerrogativa de centralização do poder político nas mãos de um único monarca parece ser regra comum a todos os Estados que se formavam naquela época. De fato, o fortalecimento das monarquias nacionais assinala a limitação dos poderes nobiliárquicos e eclesiásticos em favor do fortalecimento da autoridade real. Contudo, não podemos concluir que essa fosse uma experiência desenvolvida igualitariamente em todas as regiões da Europa.

Quando nos aportamos para a formação da monarquia britânica, notamos que a autoridade monárquica enfrentou dificuldades para se estabelecer. No século XII, a ascensão da dinastia Plantageneta, que teve como primeiro rei Henrique II (1154 - 1189), foi fundamental para que leis de caráter nacional pudessem efetivamente legitimar a ampliação dos poderes reais. Entre outras ações, esta dinastia foi responsável pela criação da common law, conjunto de leis válido em todo o território britânico.

Contudo, a supremacia real deu seus primeiros sinais de desgaste no reinado de Ricardo Coração de Leão (1189 - 1199), que foi marcado pelo envolvimento do Estado em diversos conflitos militares contra a França e participou ativamente na organização da Terceira Cruzada (1189-1192). As longas ausências da autoridade monárquica e o alto custo gerado nestas guerras acabaram despertando a insatisfação dos nobres ingleses com relação ao rei.

O abalo na relação entre os nobres e a autoridade real só veio a ganhar força durante o governo de João Sem-Terra (1199 - 1216). Entre outros motivos, podemos apontar que o rei João acabou politicamente desgastado por conta do seu envolvimento em novos conflitos militares, a elevação dos impostos cobrados sob a população e a tentativa de impor a taxação das propriedades eclesiásticas. Dessa forma, os nobres organizaram um levante que colocaria a autoridade real em risco.

Para que não fosse deposto, o rei João Sem-Terra aceitou acatar as determinações impostas pela Magna Carta, documento de 1215 que viria a remodelar o papel do rei na Inglaterra. Entre outras disposições, a nova lei dizia que o rei não poderia mais criar impostos ou alterar as leis sem antes consultar o Grande Conselho, órgão que seria integrado por representantes do clero e da nobreza. Além disso, nenhum súdito poderia ser condenado a prisão sem antes passar por um processo judicial.

Dessa maneira, podemos compreender que, ao longo de sua trajetória, o Estado monárquico britânico nunca chegou a se enquadrar plenamente nos moldes do regime absolutista. Não por acaso, por meio dos dispositivos criados pela Magna Carta, foi que os membros do Parlamento (sucessor do Grande Conselho) deram origem à monarquia constitucional que sagra o desenvolvimento da Revolução Inglesa, acontecimento histórico que assinala a crise do Antigo Regime Europeu.
 Por Rainer Sousa
Mestre em História

quarta-feira, 20 de março de 2013

As grandes navegações


Introdução
Durante os séculos XV e XVI, os europeus, principalmente portugueses e espanhóis, lançaram-se nos oceanos Pacífico, Índico e Atlântico com dois objetivos principais : descobrir uma nova rota marítima para as Índias e encontrar novas terras. Este período ficou conhecido como a Era das Grandes Navegações e Descobrimentos Marítimos.
Os objetivos
No século XV, os países europeus que quisessem comprar especiarias (pimenta, açafrão, gengibre, canela e outros temperos), tinham que recorrer aos comerciantes de Veneza ou Gênova, que possuíam o monopólio destes produtos. Com acesso aos mercados orientais - Índia era o principal - os burgueses italianos cobravam preços exorbitantes pelas especiarias do oriente. O canal de comunicação e transporte de mercadorias vindas do oriente era o Mar Mediterrâneo, dominado pelos italianos. Encontrar um novo caminho para as Índias era uma tarefa difícil, porém muito desejada. Portugal e Espanha desejavam muito ter acesso direto às fontes orientais, para poderem também lucrar com este interessante comércio.
Um outro fator importante, que estimulou as navegações nesta época, era a necessidade dos europeus de conquistarem novas terras. Eles queriam isso para poder obter matérias-primas, metais preciosos e produtos não encontrados na Europa. Até mesmo a Igreja Católica estava interessada neste empreendimento, pois, significaria novos fiéis.
Os reis também estavam interessados, tanto que financiaram grande parte dos empreendimentos marítimos, pois com o aumento do comércio, poderiam também aumentar a arrecadação de impostos para os seus reinos. Mais dinheiro significaria mais poder para os reis absolutistas da época (saiba mais em absolutismo e mercantilismo).
Pioneirismo português
Portugal foi o pioneiro nas navegações dos séculos XV e XVI devido a uma série de condições encontradas neste país ibérico. A grande experiência em navegações, principalmente da pesca de bacalhau, ajudou muito Portugal. As caravelas, principal meio de transporte marítimo e comercial do período, eram desenvolvidas com qualidade superior à de outras nações. Portugal contou com uma quantidade significativa de investimentos de capital vindos da burguesia e também da nobreza, interessadas nos lucros que este negócio poderia gerar. Neste país também houve a preocupação com os estudos náuticos, pois os portugueses chegaram a criar até mesmo uma centro de estudos : A Escola de Sagres.
Planejamento das Navegações
Navegar nos séculos XV e XVI era uma tarefa muito arriscada, principalmente quando se tratava de mares desconhecidos. Era muito comum o medo gerado pela falta de conhecimento e pela imaginação da época. Muitos acreditavam que o mar pudesse ser habitado por monstros, enquanto outros tinham uma visão da terra como algo plano e , portanto, ao navegar para o "fim" a caravela poderia cair num grande abismo.
Dentro deste contexto, planejar a viagem era de extrema importância. Os europeus contavam com alguns instrumentos de navegação como, por exemplo: a bússola, o astrolábio e a balestilha. Estes dois últimos utilizavam a localização dos astros como pontos de referência.
Também era necessário utilizar um meio de transporte rápido e resistente. As caravelas cumpriam tais objetivos, embora ocorressem naufrágios e acidentes. As caravelas eram capazes de transportar grandes quantidades de mercadorias e homens. Numa navegação participavam marinheiros, soldados, padres, ajudantes, médicos e até mesmo um escrivão para anotar tudo o que acontecia durantes as viagens.
Navegações portuguesas e os descobrimentos
No ano de 1498, Portugal realiza uma das mais importantes navegações: é a chegada das caravelas, comandadas por Vasco da Gama às Índias. Navegando ao redor do continente africano, Vasco da Gama chegou à Calicute e pôde desfrutar de todos os benefícios do comércio direto com o oriente. Ao retornar para Portugal, as caravelas portuguesas, carregadas de especiarias, renderam lucros fabulosos aos lusitanos.
Outro importante feito foi a chegada das caravelas de Cabral ao litoral brasileiro, em abril de 1500. Após fazer um reconhecimento da terra "descoberta", Cabral continuou o percurso em direção às Índias.
Em função destes acontecimentos, Portugal tornou-se a principal potência econômica da época.
Navegações Espanholas
A Espanha também se destacou nas conquistas marítimas deste período, tornando-se, ao lado de Portugal, uma grande potência. Enquanto os portugueses navegaram para as Índias contornando a África, os espanhóis optaram por um outro caminho. O genovês Cristovão Colombo, financiado pela Espanha, pretendia chegar às Índias, navegando na direção oeste. Em 1492, as caravelas espanholas partiram rumo ao oriente navegando pelo Oceano Atlântico. Colombo tinha o conhecimento de que nosso planeta era redondo, porém desconhecia a existência do continente americano. Chegou em 12 de outubro de 1492 nas ilhas da América Central, sem saber que tinha atingido um novo continente. Foi somente anos mais tarde que o navegador Américo Vespúcio identificou aquelas terras como sendo um continente ainda não conhecido dos europeus. Em contato com os índios da América ( maias, incas e astecas ), os espanhóis começaram um processo de exploração destes povos, interessados na grande quantidade de ouro. Além de retirar as riquezas dos indígenas americanos, os espanhóis destruíram suas culturas.

terça-feira, 19 de março de 2013

Maia, Asteca e Incas

Na América, a organização de sociedades mais complexas, como a dos Astecas, Maias e Incas, não ocorreu ao mesmo tempo que no Oriente próximo ou na Europa. Aliás, os processo históricos não são nunca os mesmos em todas as sociedades. O próprio continente americano mostra evidências dessa afirmação. Na América, durante séculos, conviveram (e ainda convivem) inúmeros povos com realidades históricas bem distintas: povos nômades de cultura primitiva, como muitas tribos norte-americanas, os esquimós (Alasca), os ianomâmis e os xavantes (Brasil), que viviam (alguns ainda vivem) basicamente da caça e da coleta, os tupis-guaranis (América do Sul), os pueblos (América do Norte) e os aruaques (América Central), sedentários e agrícolas; e, finalmente, os povos de culturas mais complexas – maias, incas e astecas.


Os astecas

Origens
A influência dos olmecas entre os astecas também foi muito grande, sobretudo porque eles viveram, em tempos diferentes, basicamente na mesma região. Após a hegemonia olmeca, a região sofreu várias invasões de povos vindos da América do Norte.
Os primeiros povoadores procedentes do norte, da região de Nahua (família lingüística do nahuatl), construíram, entre 500 e 600 d.c, baseados nas tradições olmecas, uma grande cidade, Teotihuacán, com gigantescas pirâmides homenageando o Sol, a Lua e seu deus maior, Quetzacoatl. Nesse centro urbano desenvolveu-se uma sociedade  sobre a qual , infelizmente, temos poucas informações.
Os toltecas, uma das tribos nahuas do norte, chegaram à América Central entre 850 e 900 d.c., e talvez tenham se submetido aos sacerdotes de Teotihuacán, pois deram continuidade à construção e manutenção dessa grande cidade. Em razão do gigantismo de suas construções, muitos povos consideravam que ela havia sido construída por gigantes, antes da chegada dos homens à região. Eles organizaram um forte Estado e  uma rica civilização, que, após disputas internas, guerras externas e invasões, chegou ao fim em 1194 d.c.
Escultura de um calendário asteca
Calendário Asteca
O povo mexica, mais conhecido como asteca, é originário da região de Aztlán (daí a palavra asteca), no sul da América do Norte. Ele se estabeleceu no planalto mexicano (especificamente nas ilhas do lago Texcoco), junto com outros povos, após uma longa marcha, em 1168 d.c. No ano de 1325 eles começaram a construção de sua cidade, Tenochtitlán, que no século XV  seria uma das maiores cidades do mundo.

Organização Política - A formação do Império Asteca    
A formação do Império asteca baseou-se na aliança de três grandes cidades, texcoco, Tlacopán e a capital, Tenochtitlán, estendendo seu poder por toda a região. As relações políticas que se estabeleceram entre elas e as regiões que controlavam anda não são muito claras. Contudo, pode-se afirmar que não era  uma estrutura rigorosamente centralizada, como ocorreria entre os incas.
Na confederação Asteca conviviam inúmeras  comunidades com  idiomas, costumes e culturas diferentes (zapotecas, mixtecas, totonacas, etc.) A unidade entre elas dava-se em torno de aspectos religiosos e, principalmente, através da centralização militar dos astecas e da arrecadação dos impostos em Tenochtitlán. As diversas províncias da região que, além dos tributos, elas deveriam fornecer contingentes militares e submeter-se aos tribunais da capital.
O Império asteca atingiu seu apogeu entre 1440 e 1520, quando foi inteiramente destruído pelos colonizadores espanhóis liderados por Cortés. Após diversas incursões colonizadoras em agosto de 1521 o Império Asteca foi inteiramente conquistado. Diversas razões levaram à derrota asteca a primeira é propriamente militar: a guerra, para os astecas, tinha como objetivo a dominação político-militar, para os espanhóis  a guerra era de conquista e extermínio. Além disso as estratégias militares e, principalmente, o armamento bélico dos colonizadores eram bem mais avançados. Outro motivo importante foi a proliferação de várias doenças e epidemias entre os astecas (a mais forte  foi a varíola). Um fato adicional que contribuiu muito para a derrota asteca foi a aliança estabelecida  entre alguns povos da região (tlaxcaltecas, totonecas, etc.) e os espanhóis. A intenção imediata desses povos era derrotar a hegemonia dos astecas na região, e os espanhóis eram fortes aliados para alcançar esse objetivo. Todavia, eles não puderam prever o que lhes aconteceria após a derrota asteca, com a consolidação da colonização européia.

Economia asteca
A sustentação da economia do Império estava baseada  justamente no pagamento dos tributos  em mercadorias. A não-destruição das cidades submetidas e a manutenção relativa do poder local incluíam-se nessa lógica de arrecadação dos tributos, que variavam muito. Estima-se que,  no final do Império, Tenochtitlán recebia toneladas de milho, feijão, cacau, pimenta seca; centenas de litros de mel, milhares de fardos de algodão, manufaturados têxteis, cerâmicas, armas, além de animais, aves, perfumes, papel, etc.
A produção agrícola estava baseada essencialmente nos cereais, sobretudo no milho que, na verdade, foi a base da alimentação das civilizações pré-colombianas. É bem provável que essas sociedades  não teriam se desenvolvido sem o milho, pois ele as sustentava e possibilitava o crescimento  de suas populações.
A posse das terras tinha uma característica muito interessante: o Estado asteca era proprietário de todas as terras e as distribuía aos templos, cidades e bairros (calpulli). Já nas cidades e bairros, a exploração da terra tinha um caráter coletivo, todo adulto tinha direito de cultivar um pedaço de terra para sobreviver e o dever de trabalha-la. Na fase final do Império, essa relação foi se modificando, pois sacerdotes, comerciantes e chefes militares se desobrigaram de trabalhar na terra, criando uma forma de diferenciação social.

Sociedade asteca

Pode ser uma sociedade fundada em aspectos religiosos e na guerra, aqueles que detinham mais poder eram os sacerdotes, seguidos dos chefes militares e dos altos funcionários do Império. Os altos funcionários militares e do Estado recebiam a denominação tecuhtli (dignitário), eram escolhidos pelo soberano e tinham uma série de privilégios (não pagavam impostos e viviam em grandes residências).
Logo abaixo estavam os calpullec, espécies de administradores dos bairros (calpulli). Inicialmente eles eram escolhidos pelos habitantes dos bairros, mas com o tempo passaram a ser indicados pelos soberano.
O comércio externo era realizado por poderosas corporações de comerciantes, os pochtecas. O comércio de luxo entre as cidades era monopolizado por eles. Em razão do rápido enriquecimento desse setor da sociedade, ele foi ganhando gradativamente poder e distinção.
A maioria dos artesãos trabalhava vinculada a algum senhor (tecuhtli), e muitos mantinham oficinas em palácios e templos. O imposto era pago em artigos de sua especialidade e não eram obrigados ao trabalho coletivo.
A maior parte da população estava entre os macehualli, que eram homens livres com direito a cultivar um pedaço de terra para sua sobrevivência,embora devessem obrigações como pagamento de impostos em mercadorias (a maior fonte de arrecadação), prestar o serviço militar e o trabalho coletivo (construir, conservar e limpar estradas, pontes e templos).
Os tlatlacotin formavam os estrato social mais baixo, composto geralmente por prisioneiros de guerra, condenados, desterrados. Em troca de casa, comida e trabalho, eles se vinculavam a um amo. Isso não significava que eram escravos, pois podiam torna-se livres e possuir bens.

Religião e cultura dos Astecas

Os astecas eram considerados o povo mais religioso da região. Sua religião era essencialmente  astral, isto é, baseada nos astros, e foram absorvendo deuses e ritos das mais importante era Uitzlopochtli, que representava o sol do meio-dia.
Os mitos e ritos astecas eram muito ricos e variados, e relacionavam-se com a natureza. Os cultos mais importantes sempre envolviam o Sol. Eram muito comuns rituais com sacrifícios humanos; a guerra, portanto, era uma grande fornecedora de prisioneiros para os sacrifícios.     Geralmente toda a energia da comunidade estava canalizada para as atividades ritualísticas, realizadas com uma série encenações e procedimentos minunciosos.
As atividades artísticas dos astecas foram muito influenciadas pelas tradições olmecas e toltecas. A escultura em jade e as grandes construções são exemplos claros dessas influências. A arquitetura estava ligada à vida religiosa, a forma mais freqüentemente utilizada era a pirâmide com escadarias, culminando em um santuário no topo.
Pirâmide - Maias
Pirâmide construída no Império Maia
Os afrescos coloridos e as pinturas murais também tinham destaque entre as artes astecas. O escriba  ostentava o título de pintor, pois os hieróglifos eram acompanhados por uma série de quadros cuidadosamente desenhados.
A música e a poesia estavam intimamente ligadas. Quase sempre acompanhadas  ´pr instrumentos, danças e encenações, as músicas tinham caráter religioso.
Infelizmente, a violência da colonização espanhola acabou destruindo grande parte dessa rica produção.


Os maias 

Origens
Antes que os maias se radicassem em alguma regiões da América Central, existiam aí povos originários, como os otomies e otoncas. Vindos da  América do Norte , após décadas vagando  pela América Central, os mais estabeleceram-se no Yucatán e áreas próximas, por volta de 900  a . C. A produção do milho e a influência dos olmecas forram mito importante para o seu desenvolvimento
A área ocupada pelos maias pode ser dividida em duas regiões. A das terras altas (área abrangida hoje por El Salvador e Guatemala)  estava voltada para o Pacífico e, apesar de possuir boas condições naturais, não teve muita importância para a construção da civilização maia.
É comum  dividir-se o processo de construção da civilização maia  em uma primeira fase (317-987) e uma segunda fase (987-1697). A primeira  fase teria se iniciado em 317 d.C. Essa data , na realidade, tem como referência o mais antigo objeto maia encontrado até hoje. Sabe-se que essa civilização já existia antes de 317, mas não se dispõe ainda de informações precisas a respeito desse período.

Sociedade maia

A sociedade começou a desenvolver-se , com destaque para três cidades: Chichen-Itzá, Mayapan e Uxmal. Em 1004 foi criado a Confederação Maia, que reuniu essas três grandes cidades. Dezenas de cidades e povoados são criados ao longo dos duzentos anos seguintes, expandindo seu poder político na região. Após o período de união (entre os séculos X e XI), as cidades da Confederação entram em confronto, sendo Mayapan a vitoriosa. A hegemonia política dessa cidade  foi sustentada por uma forte base guerreira. Inúmeras revoltas explodem na região, e em 1441 Mayapan é incendiada; As grandes cidades são abandonadas por causa das guerras.
As lutas internas, as catástrofes naturais (terremotos, epidemias, etc.), as guerras externas e principalmente, o declínio da agricultura levaram a sociedade maia à decadência. Auando os europeus chegaram à região (1559), os sinais de enfraquecimento dos maias eram evidentes, tornando a conquista mais fácil. Em 1697, a última cidade maia (Tayasal) é conquistada e destruída pelos colonizadores.
Cada cidade tinha um chefe supremo (halach uinc), e o cargo era hereditário.
Os camponeses e artesãos compunham a maioria da população (mazehualob) eram obrigados a pagar os tributos, a trabalhar nas grandes obras e moravam nos bairros mais distantes dos centros. Os escravos, geralmente por conquinsta serviam a um senhor, mas não trabalhavam na produção

Religião dos Maias

A sociedade maia tinha um caráter fortemente religioso; a religião dava legitimidade ao poder, que era exercido basicamente por algumas famílias.
O Ahaucan (senhor da serpente) é o supremo sacerdote. Ele indica os outros sacerdotes, rege as cerimônias, recebe tributos e decide sobre as coisas do estado. Existiam também sacerdotes com funções específicas, como os adivinhos, os encarregados dos sacrifícios humanos, os escribas, etc.

A organização do Estado 
Os maias não chegaram a organizar um forte e poderoso Estado centralizado.
Na realidade, as cidades maias importantes controlavam as aldeias e terras próximas. Não havia nenhum poder ou instituição que as unificasse. Elas tinham autonomia econômica e política, e geralmente eram governadas por famílias.
Houve períodos  em que a unidade foi estabelecida entre algumas cidades, como durante a Confederação Maia. N entanto, a regra era a independência e a luta entre  cidades por novas terras, tributos, matérias primas, etc.  

Economia maia
A economia dos maias baseava-se na agricultura. A tecnologia empregada nas atividades agrícolas era bastante primitiva. Contudo, eles conseguiam uma extraordinária produtividade, principalmente do milho. É justamente em virtude dessa produção do milho, gerando excedentes, que um grande contingente de mão-de-obra podia ser liberado das atividades agrícolas para a construção de templos, pirâmides, reservatórios de água, etc.
As terras pouco férteis da região obrigavam os maias a realizar um rodízio, que geralmente mantinha a terra boa durante oito a dez anos. Após esse período era necessário procurar novas terras, cada vez mais distantes das aldeias e cidades. O esgotamento das terras, as distâncias cada vez maiores entre elas e as cidades e o aumento da população imseram à civilização maia uma dura realidade. A fome, um dos fatores que a levaram à decadência.

Cultura maia
Os conhecimentos de astronomia dos mais eram realmente avançados, e seus observatórios, bem-equipados. Eles podiam prever eclipses e elaboraram um calendário de 365 dias. Para o desenvolvimento da astronomia, a matemática era um elemento fundamental, daí terem acumulado conhecimento nessa área.
A atividade médica e a farmacêutica também eram bastante desenvolvidas, o que foi reconhecido até pelos colonizadores.
As peças teatrais, os poemas, as crônicas, as canções, tinham uma função literário-religiosa bem evidente.
Mas a arquitetura e a engenharia representam as áreas do conhecimento mais desenvolvidas pelos maias. Seus grandes centros religiosos, as pirâmides, as cidades com edifícios de vários andares, os canais de irrigação e os reservatórios de água maravilham os conquistadores europeus.


Os incas 

Origens 
O povo incaico é originário de uma região entre o lago Titicaca e a cidade de Cuzco, no Peru. A partir daí os incas expandiram-se por uma área que abrangia desde o sul da Colômbia, passando pelo Equador, Peru, Bolívia e norte da Argentina, até o sul do Chilel Esse Império chegou a reunir cerca de 15 milhões de pessoas, de povos com línguas, costumes e culturas diferentes.
Antes da construção do Império incaico viviam nessa região povos com culturas e formações sociais avançadas, que se costuma denominar pré-incaicos. Eles estavam distribuídos por toda a costa leste do continente sul-americano, nas serras e no altiplano andino; os chavin viviam nas serras peruanas; os manabi, no litoral do equador; os chimu, no norte do Peru; e havia ainda os chinchas, mochicas, nazca, e outros.
Talvez grande demonstração do desenvolvimento desses povos pré-incaicos seja Tiahuanaco. Tratava –se de um grande centro cerimonial (hoje suas ruínas estão a cerca de 100 Km de La Paz, capital da Bolívia) que recebia periodicamente milhares de pessoas por Ano. Estima-se que essa civilização que parece ter sido influenciada pelos chavin, estabeleceu-se na região por volta do século X d. C.

A organização política dos Incas

O Império Inca absorveu as diversas culturas das civilizações preexistentes, colocando-as  a serviço da expansão e manutenção do Império. A vitória sobre os chancas, em 1438 d. C., liderada pelo inca Yupanqui, marcou o início da formação do Império. Ele ocupou quase todo o Peru, chegando até a fronteira do Equador. Seus sucessores expandiram o Império para o altiplano boliviano, norte da Argentina, Chile (Tope Inca) e equador,até o sul da Colômbia (Huayana capac, 1493-1528).
A expansão foi interrompida em razão da disputa entre dois irmãos, filhos de Huayana: Huascar, que centralizou seu Império em Cuzco, e Atahualpa, sediado em Quito. A rivalidade entre os irmãos levou oi Império a uma verdadeira guerra civil, enfraquecendo-º A vitória de Atahualpa não lhe trouxe vantagens, pois, junto dela, chegaram os colonizadores, liderados por Pizarro, que destruíram todo o Império Inca.
Para controlar seur Império o Estado inca mantinha um constante censo populacional, um instrumento fundamental para o censo era o quipo,uma espécie de elaborada colculadora manual feita de cordões coloridos e nós. Quem realizava o levantamento e a leitura eram os funcionários chamados de quipucamayucus.
Esse imenso Império inca, controlado de perto pelo Estado, precisou de uma infra-estrutura que permitisse a circulação de funcionários, mensageiros, impostos, populações, exércitos, etc. Para que isso ocorresse, foi construída uma incrível rede de pontes e caminhos lajeados. Ao longo desses caminhos havia os tambos, pequenas construções que continham alimentos e água, servindo de alojamento para os viajantes.

Sociedade inca
O Estado inca era imperial, capaz de controlar rigidamente tudo o que ocorria em sua vasta extensão territorial. O chefe desse Estado era o Inca, um imperador com poderes sagrados hereditários, reverenciado por todos.
Ao lado do inca havia uma rede de sacerdotes, escolhidos por ele entre a nobreza.
Para manter o Império íntegro, criou-se uma complexa burocracia administrativa e militar. Os cargos administrativos eram distribuídos entre membros da nobreza e acabaram adquirindo hereditariedade. O caráter guerreiro do Império privilegiava a formação e educação militar. Como os burocratas, essa camada privilegiada era mantida graças aos tributos arrecadados pelo Estado.
Os camponeses, chamados de llactaruna, em troca do direito  de trabalho nos ayllus, eram obrigados a cultivar as terras do Inca e dos curacas e a pagar os impostos em mercadorias. Além disso, o estado os obrigava a trabalhar nas obras públicas, como as pirâmides, caminhos, pontes, canais de irrigação e terraços.
Havia também os artesãos especializados, considerados artistas (pintores, escultores, ceramistas, tapeceiros, ourives, etc.), e os curandeiros e feiticeiros (cirurgiões, farmacêuticos, conhecedores de plantas medicinais, etc.).
Os yanaconas, originários da sublevação da cidade de Yanacu, eram escravos. Às vezes algum povo conquistado também se tornava escravo.  Eles não trabalhavam na produção, e suas funções eram eminentemente domésticas.

Economia inca
A base da economia inca estava nos ayllu, espécie de comunidade agrária. Todas as terras do Império pertenciam ao Inca, logo, ao Estado. Através da vasta rede de funcionários, essas terras eram doadas aos camponeses para a sua sobrevivência. Os membros de cada ayllu deveriam, em troca, trabalhar nas terras do Estado e dos funcionários, nas obras públicas e pagar impostos.
A base da produção agrícola era o milho, seguido pela batata, tomate, abóbora, amendoim, etc. Nas áreas mais altas e com dificuldades de obtenção de água, o milho tinha de ser plantado nos terraços feitos nas encostas das serras com canais de irrigação.
A domesticação de ilhamas, vicunhas e alpacas foi importante para o fornecimento de lã, couro e transporte. Os cachorros-do-mato e porcos tinham importância secundária.
O comércio era muito precário e restringia-se basicamente aos bens de luxo destinados à corte.

Religião dos Incas

Havia uma rede de sacerdotes, escolhidos entre a nobreza. Suas funções variavam desde a manutenção dos templos, realização de sacrifícios, adivinhações, curas milagrosas, até feitiçarias e oráculos. A grande maioria dos cultos e cerimônias religiosas dos incas era em homenagem ao Sol. Os sacerdotes também tinham a função de ensinar e divulgar, junto com historiadores oficiais, os mitos, lendas e histórias sobre o inca. É interessante notar que existia uma religião para a nobreza e outra divulgada entre a população mais pobre.

Cultura inca
Lembrando o que já foi dito, o Estado inca utilizou-se das inúmeras conquistas das civilizações pré-incaicas para controlar e manter seu Império.
Eles faziam um uso abancado da matemática, conheciam inclusive o zero; conheciam  muito bem a astronomia, pois o Sol representava o deus mais importante, podendo prever eclipses e fazer calendários; usavam pesos e medidas padronizados.
Os trabalhos dos incas na manufatura do ouro, da prata e do cobre maravilharam os espanhóis. Além disso, produziam cerâmica, tecidos coloridos, esculturas e pinturas
Cidade Inca de Machu Pichu
Machu Pichu
Talvez as maiores produções incaicas estejam relacionadas com a arquitetura e a engenharia. Por meio delas foi possível construir pirâmides, palácios, pontes e caminhos; cidades como Cuzco e Machu Pichu, que reuniam milhares de pessoas e mantinham uma rica ordem urbanística. E os famosos terraços irrigados nas serras e montanhas para a produção agrícola.


Conclusão 

Concluímos então que  quando Colombo chegou à América, em 1492, encontrou o continente habitado há muito tempo por várias civilizações e povos. Os povos pré-colombianos apresentavam diferentes  estágios de desenvolvimento cultural e material, classificados em sociedades de coletores/caçadores e sociedades agrárias. Dentro desse segundo grupo, três culturas merecem maior destaque: os maias, os astecas e os incas. Alcançaram notáveis conhecimentos de astronomia e matemática, além de dominar técnicas complexas de construção, metalurgia e cerâmica. Desenvolveram técnicas diferentes de agricultura. Enquanto o fim da cultura maia é até hoje um mistério, sabemos que os povos astecas e incas decaíram perante a conquista espanhola.


Bibliografia

  • Site: www.historianet.com.br  
  • História Integrada Geral e Brasil – Caminho das civilizações
  • Autor:  José Geraldo Vinci de Moraes
  • Editora:. Atual -  SP: 1998
Por: José Geraldo Vinci de Moraes


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